sábado, 12 de maio de 2012

À MInha Mãe...



Que influência é esta que sinto desde sempre?Que peso...Que leveza! Por vezes tão insustentável.
Sempre me indaguei sobre esta tal influência que sinto como se fosse todo o peso do mundo, mas sempre como se fosse toda a libertação deste mundo.
Que senhora é esta , cujos braços me abraçam e  me sufocam, mas que a cada submergir me ensina a respirar, me reensina, meu balão de oxigênio, meu ar?
Que anjo é este das asas abertas que me encobrem, me elevam, que me fazem voar, mas que me puxam a terra, ao chão , ao início de tudo, ao pó, me fazem aterrizar?
Quem é ela , uma sombra, minha sombra, a não me deixar caminhar sozinha ... sempre lá, imponente e , por vezes, impotente, mas sempre lá a me acompanhar?
Quem é este fantasma  a me assombrar , mas que vela meu sono, meus sonhos, devaneios, que me cerca, me cobra, me acalenta, me relembra que não estou só, mesmo que eu queira estar?
Quem é ela que passou as bases dos meus valores, princípios que não me largam , que me acorrentam, mas que me fazem alcançar a libertação , que me agrilhoam numa caverna, como a me proteger, mas que me possibilitam romper as amarras e correr em busca de mim mesma , em busca do meu pote de ouro na base do arco íris e assim  me lembram de onde vim, para onde vou, quem sou, o que posso ser? 
Aquela que me jogou mundo afora... mundo cão...mundo imundo, mas que deixou a porta entreaberta  para que pudesse voltar, perdida ou reencontrada, ao meu pequeno e profundo mundo.
Aquela que escancarou as janelas, e me mostrou o  mundo , seus terrores e seus encantos, mas que me alertou que há mais ,  que minha vista não alcançava , que eu poderia ficar, mas que eu teria que ir, para ver mais e mais, e me aterrorizar e me encantar mais e mais e assim me largou no mundo, e assim deixou-me ir ,  que não me escondeu dele, por mais que o quisesse , mas que deixou aquela porta entreaberta , para que eu pudesse voltar  e assim me encolher em suas entranhas , para me realimentar , para sugar, mesmo que eu a vampirizasse e depois a largasse , passando pela porta entreaberta, e sumindo no mundo...
Aquela que me dá vida a cada retorno , a cada passagem por aquela porta por onde vou , mas por onde volto,  sem medo ou com todo o medo do mundo ,a me abrigar e voltar a ser embrião, feto, gente a readquirir forças  para novamente passar por aquela porta, a  que nunca se fecha, o único nunca que falo sem medo, porque ela é sempre...
E assim eu saio pela porta entreaberta... e volto, e sempre ela lá com suas asas de anjo, com suas ancas e colo de mulher .
É ela... é mãe... Minha mãe, SIM, MINHA...SEMPRE.