domingo, 31 de julho de 2011

O Coração Tem Razões Que a Própria Razão Desconhece... (há muito tempo escrito , mas sempre atual)



Tamanha fora minha surpresa e indignação em deparar-me com um garoto argentino torcendo para a Holanda, embora não tenha nascido em tais terras, tenha em algum destes países suas raízes ou tenha vivido por algum tempo que seja em tais locais , cujo nascimento, não sabemos se por acaso, se dera no Brasil , tudo em pleno calor do jogo Brasil x Holanda, e na dor inevitável aos brasileiros diante de uma derrota sem sentido, pois não se dera a luta pela sobrevivência, para um povo cuja esperança é a última que morre, que me deixei levar pela insanidade e me vi torcendo para a Alemanha neste sábado , ou melhor, me vi torcendo contra Argentina, o que é pior.

Assim, me igualei a tantos insanos que costumo criticar, sou humana, pois bem.

O politicamente correto seria que a minha torcida, como a de todos os sulamericanos , se desse para a aguerrida, sem dúvida, seleção Argentina tal por razões óbvias, como se o amor ao futebol tivesse alguma coisa de óbvia e de lógico .

Seja porque a Argentina é um dos representantes da América do Sul, nosso vizinho, seja porque já se estabelecera uma disputa entre a Europa e a América pela superioridade em copas do mundo, seja porque o povo argentino certamente necessitaria, por tantas notórias razões, desta vitória para acalmar os ânimos já exaltados por tantas desventuras.

São, de fato, justos os motivos para impor uma torcida para os argentinos...Entretanto, a questão é, se assim poderíamos dizer ,de honra brasileira, é paixão, é puro nacionalismo, que seja, e tudo isto beira a insanidade e ao caos emocional.

Diante de um brasileirinho, mais argentino do que qualquer um deles, me senti na obrigação de ser mais brasileira do que nunca e assim torcer insanamente contra aqueles que, insanamente, torcem, independentemente, de quem seja o adversário e as circunstâncias, contra o Brasil, portanto contra os brasileiros e eu sou uma brasileira.

Então, me penitencio pela minha paixão desmedida pelo meu chão, pela terra em que tenho minhas origens e pelo povo brasileiro e por não ter tido a sensatez suficiente para torcer por nossos irmãos argentinos. Assim, peço desculpas sinceras aos nossos irmãos, quem de nós será Caim ou Abel, não sabemos, mas se trata de uma questão passional mal resolvida.

Após o esmagador placar de 4x0 para a Alemanha, terminamos com a alma lavada e a razão maculada.

O que mais me entristece... ( escrito há muito tempo, mas sempre atual)





Hoje com a triste derrota do Brasil para Holanda, triste não apenas pela derrota em si, mas pelo nítido despreparo emocional, praticamente, entregando a seleção brasileira o jogo ao adversário, derrotado, portanto, o seu e o meu Brasil desde o primeiro gol da Holanda, esta , sim, incansável acreditando a todo o tempo em seu poder de superação, o que mais entristeceu foi me deparar com um garoto , brasileiro da gema , filho de brasileiros, que mora , come ,caminha, cresce , apreende , se torna gente em seu, digo, em nosso país e que jamais residira fora do seu, digo, nosso lugar , estridente e assumidamente, sem qualquer pudor ou vergonha , torcedor nato da Argentina , como se lá tivesse suas raízes , como se andasse diuturnamente naquele chão , hoje torcer para a Holanda.

Certamente, porque entendera ele que a Holanda seria um adversário mais fácil para a sua pátria postiça Argentina, ou, simplesmente, argentino de coração que é, embora nenhuma razão se saiba, devendo, portanto, para amenizar o olhar sobre este garoto, ser justificado por motivos além túmulo ou espirituais, fosse tomado da mesma raiva insana que, em geral, os argentinos, tendo como legítimo representante o Maradona, sentem quando o assunto é o seu vizinho, o Brasil, seja em qualquer aspecto, notadamente, o futebolístico.

Bem, senti mais uma vez que o grande problema do Brasil é justamente parte do povo brasileiro, que, ao que parece, queria ser tudo menos brasileiro, sabe Deus as razões, e sequer os políticos corruptos e desavergonhados me vieram a mente de forma tão enfática. Talvez tenha eu pretendido dar uma trégua a estas figurinhas tão patéticas.

Assim, os jovens, ainda brasileiros, é que passaram a me preocupar e me entristecer, por um simples fato, a falta de amor ao seu chão, a falta de respeito as suas origens, a falta de comprometimento com a sua história, pode parecer exagero, mas é justamente assim que tudo começa que o patriotismo necessário vai por água abaixo.

E que estes, acreditamos, poucos garotos argentinos, holandeses, alemães, ingleses que, no mais das vezes, sequer fizeram uma ou duas visitas aos seus países escolhidos, não sabemos por quais critérios, e que, querendo eles ou não, nasceram em chão brasileiro e comem em prato brasileiro, prato este que cospem a todo o tempo, sob os olhares complacentes e até orgulhosos de seus pais, não se transformem em maioria e que o futuro desta pátria mãe gentil jamais esteja em suas mãos.

Esperamos é que um dia estes garotos acordem do pesadelo e despropósito de escolher uma pátria que mal conhecem, renegando a sua, como aqueles que curiosamente optam por outra nacionalidade, e descubram que o Brasil, apesar de hoje entregar o jogo, é sim, sua pátria mãe gentil e como boa mãe perdoará os desatinos de seus jovens filhos, os acolherá e alimentará, como sempre...