sábado, 24 de julho de 2010

Você que abriu a porta... Você que acendeu a luz...

Costumo dizer que os tolos é que são felizes, pois na sua tolice se imaginam livres da dor, do terror, acima do bem e do mal e de qualquer sensação mundana que os dê sobressaltos e os retire, mesmo que por segundos, do seu mundinho seguro e tranqüilo, mesmo que não seja ele tão seguro e tranqüilo assim.
Até a tolice tem suas infelicidades, afinal de contas, nada mais majestoso do que abrir a porta, acender a luz e enxergar, sentindo a força em seus olhos, por outro lado nada mais assustador.
Bem, eu sou daquelas que abri a porta e acendi a luz e, te digo, ela quase cegou meus olhos, e olha que era apenas um pouco de luz.
Felicidade e infelicidade, o bem e o mal, são dois lados de uma mesma moeda, e de um para um outro basta atravessarmos a rua.
Constantemente estou indo e vindo, de um lado para o outro desta rua e descobrindo fatos e sensações que, não raramente, me assustam, mas até mesmo o susto me mantém viva.
Por cada descoberta paguei um preço, em tudo na vida pagamos um, tenho certeza, mas este preço achei justo, pois um baú empoeirado e que vivia trancado foi aberto e a cada peça retirada do seu interior , a cada sopro de pó , a cada verdade , vivi momentos , revivi outros tantos, chorei , sorri, me lamentei , me revoltei, dei graças a Deus. Bem, enxerguei um pouco da minha história e dei um pulinho no futuro, de fato, ele me aterroriza, não sou como os aquarianos, não sei lidar com ele.
Para mim ele é um fantasma que aterroriza meus sonhos, nunca gostei do amanhã.
O passado sempre me encantou, o ontem, a história, sempre achei mais fácil confrontar o passado do que imaginar o futuro, e bem sei por quais razões.
O passado, embora muitas vezes tão distante quanto o futuro, é de fácil controle, é inexorável e , portanto, não nos coloca sobressaltada, o inesperado me angustia, o que com o meu temperamento não deixa de ser uma contradição, mas sou eu o contrasenso em pessoa, sou uma caixa de pandora, aliás, todo ser humano é, e desta caixa pode sair tudo de muito bom ou muito ruim, são os tais lados da moeda, é a vida afinal pulsando de um lado a outro.
Ler a história de outras mulheres, ler seus contos, e obras sempre me ajudaram a abrir a porta e deixar um pouco de luz entrar, às vezes intensificando os meus medos, às vezes clareando os caminhos deste amanhã que tento evitar, sempre o tal passado me cercando e o receio do daqui a pouco me perturbando os sonhos.
Parece que a vida e seus instantes me aterrorizam bem mais do que a morte,o que me fez recordar de que “ a morte não é um bem nem um mal, podendo tornar-se uma libertação quando as circunstancias da vida condenam o homem a uma escravidão incompatível com a liberdade e desta forma está aberto o caminho para que o homem deixe a vida. Nada nos obriga a viver na miséria ou no cativeiro...”
E, por falar em cativeiros, todos nós temos os nossos, e cada um lida com ele de uma maneira, não há soluções mágicas, há esforço, conhecimento e fé... e, tudo me faz recordar de algo que li em um dado momento, num certo lugar que não me recordo mais
“ Morremos diariamente. Nisso, pois, falhamos:Pensamos que a morte é coisa do futuro , mas parte dela já é coisa do passado .Qualquer tempo que já passou , pertence a morte ...” . “Aproveita todas as horas: Serás menos dependente do amanhã se te lançares ao presente. Enquanto adiamos a vida se vai .Todas as coisas nos são alheias , o nosso tempo é nosso. A natureza deu-nos posse de uma única coisa fugaz e escorregadia , da qual qualquer um pode nos tirar”.
Àquele que abriu a porta e deixou a luz entrar , seja dono do seu tempo e não permita que nada , nem ninguém o tire de você, ao bater da porta , abra, e deixe a vida entrar.

Um comentário:

  1. Falando em presente, passado e futuro, penso que é no presente que devemos colocar nossa energia, nossa atenção e emoção. É no presente que devemos investir nossa ação, pois é vivendo-o que podemos modificar as conseqüências do passado e mudar as perspectivas e possibilidades para o futuro. É nele que devemos buscar o sentido de nossa vida. É nele que devemos fazer o melhor que podemos em todas as situações e experiências em que nos envolvemos, pois tudo o que nos acontece tem uma relação com o que somos, tudo o que fazemos tem uma relação com o que nos tornamos.
    O mais importante é o equilíbrio em cada situação. Viver o presente de modo que o passado e o futuro permaneçam interligados a ele, mas não sobrepostos. Vivenciar o hoje, mantendo o ontem apenas como referência, e o amanhã somente como alvo. É preciso que nos convençamos que a nossa felicidade não se perdeu em algum lugar do passado, nem está escondida em algum canto do futuro. Ela está aqui e agora, já é nossa, mas muitas vezes a perdemos por estarmos tão absortos olhando muito à frente ou muito atrás de nós mesmos.
    E aí já foi...

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