Esta
frase de Adriana Falcão resume, ludicamente, o que vem a ser um filósofo
" é quem , em vez de ver televisão , prefere ficar pensando
pensamentos." , mas penso, pensando meus pensamentos, que o sentido de
filosofar é tentar explicar para ver e viver melhor, para sermos
felizes... cada um tem seu modo de filosofar, mas quase sempre estamos filosofando.
Os nossos pensamentos sempre se digladiam em torno de indagações e respostas.
Não raramente, nós mesmos, e todos os outros, tentamos agrilhoar os pensamentos , e não raramente, quando não somos nossos próprios algozes, nós permitimos que sejam nossos pensamentos encarcerados numa caverna, onde apenas nos é permitido ouvir zumbidos e ver sombras, mas sempre conseguimos escapar , mesmo que por um breve instante e assim podemos pensar pensamentos e escolher respostas, escolher caminhos, ainda que nos desencaminhe... e aí está a nossa liberdade.
Não raramente, nós mesmos, e todos os outros, tentamos agrilhoar os pensamentos , e não raramente, quando não somos nossos próprios algozes, nós permitimos que sejam nossos pensamentos encarcerados numa caverna, onde apenas nos é permitido ouvir zumbidos e ver sombras, mas sempre conseguimos escapar , mesmo que por um breve instante e assim podemos pensar pensamentos e escolher respostas, escolher caminhos, ainda que nos desencaminhe... e aí está a nossa liberdade.
Temos
a tal " mania de explicação" como se explicando e entendendo
pudéssemos viver melhor e felizes , mas retirar o véu das palavras pode
ser penoso ,mas também prazeroso, a busca nos faz sorrir e sofrer, nos faz
ver , descobrir, e enxergando nos
ferimos, mas terminamos por sermos diferentes e melhores do que antes de
colocarmos nossos conceitos numa mesa embaralhando-os e depois os
realinhando, dos ferimentos descobrimos a cura, ou encaramos a nossa
própria ineficiência,e tudo isto nos é indispensável.
Somos
aquele cego que ao enxergar sente o impacto , a dor , mas por trás dela
, a imensa alegria do ver , do perceber , a possibilidade da busca da felicidade, sempre ela nos
aguardando e fugidia .sempre indo e vindo , nos acenando.
Assim
vamos indagando, filosofando, buscando explicações, inventando,
complicando para melhor manipularmos, ou simplificando , mas sempre com
esta mania de explicação...
Sempre
que nos indagamos quanto a vida e a morte, quanto as nossas questões
mais mundanas e mais íntimas, quanto aos motivos de nossa felicidade e
infelicidade , estamos na verdade indagando, buscando, garimpando,
descobrindo e encobrindo , estamos filosofando e até mesmo inventando
explicações ... Sempre esta necessidade.
E
assim estamos buscando ver, enxergar,estamos , enfim, vivendo ,
procurando viver melhor e não apenas sobrevivendo, o que, convenhamos, já
seria tarefa das mais árduas,e isto se dá mesmo quando mergulhamos
num abismo em busca de alguma suposta verdade ou fugindo dela.
Me
pergunto porque a filosofia é sempre vista de forma tão distante e
surreal, tão aterrorizadora, se ela faz parte do nosso próprio pensar e
da nossa busca incessante pela felicidade... Sim , felicidade, aquele
pote de ouro, não de tolo, na base do arco-íris que, em geral, apenas
encontramos nos sonhos.
Viver é teleológico, já dizia aquele
senhor Aristóteles num de seus melhores momentos, porque ele , como
qualquer um de nós , teve os piores, como quando tentou explicar a tal necessidade
de escravizarmos uns aos outros.
Dependemos sempre
do nosso propósito,dos nossos objetivos e por mais que tentemos nos
desviar e nos esconder em outros tantos, sempre o objetivo final da
vida será a tal felicidade.
Mas que esta
felicidade não seja confundida meramente com prazer , como pensam e
defendem os utilitaristas, onde a dor é relegada e afastada como algo a
ser temido, mas tratemos da felicidade que nos ensina a sentir prazer e
dor, cada qual no seu momento, cada qual no seu instante supremo.
Assim
nós seres humanos, desumanos, temos que lidar com mais esta
estranheza, saibamos lidar com o prazer e a dor, tenhamos o conhecimento
de senti-los pelas razões que eles mereçam ser sentidos, portanto
alinhemos dor e prazer , tudo no momento certo , no nosso melhor e
pior momento, pelas mais elevadas razões vivendo-os e aprendendo com
eles , caminhando, portanto e não apenas correndo loucamente sem
sentirmos a brisa , sem pegarmos atalhos por entre os pântanos e
mangues, sempre deliciosos e reveladores.
Para
a busca desta felicidade , que mais parece água a escorrer por nossos
dedos e por nossas faces , por todos os nossos poros , temos que
exercitar a busca, em nós mesmos e nossas profundezas sem fim, mas
essencialmente com os nossos pares, semelhantes a nós ou nem tanto
assim.
E não seria a busca de nós, enquanto
seres humanos , e procurando fazer jus a esta definição , a busca das
virtudes , do aprimoramento , por mais inatingível que isto possa nos
parecer... Nós, os tais seres humanos, não deveríamos ter como caminho
para realização do propósito de sermos felizes, a promoção , não da
bondade , mas de algo ainda mais elevado, a Justiça, que teria o
propósito de dar a cada um o que lhe é devido, diante do princípio da
igualdade , mas não deixando de lado que cada um de nós partimos nesta
corrida de pontos de largada diversos, e , portanto considerando as
desigualdades a nos diferenciar , a nos fazer singulares.
Assim
não devemos apenas nos associar, e não apenas fazermos meras alianças, mas tentarmos fazer das leis mais do que um
instrumento de manipulação dos mais sofisticados e eficazes, mas sim
de garantia de vida , e de vida boa, , uma regra de vida para nos
tornarmos não apenas bons, mas justos e assim a felicidade buscada e
possível possa ser enfim distribuída eqüitativamente.
É
preciso que nos habituemos a busca da felicidade , praticando,
exercitando , tentando, relembrando que "tornar-se virtuoso é como aprender a tocar
flauta..." e não há quem aprenda a toca-lá apenas lendo livros, vendo
filmes e ouvindo , temos que tocar flautas, praticar as virtudes em busca desta tal
felicidade, e assim "tornamo-nos justos praticando ações justas ,
comedidos praticando ações comedidas e corajosos praticando..." e
felizes também praticando...
Cultivemos nossos
melhores hábitos, sejamos virtuosos e assim a felicidade baterá em nossa
porta , seja como for, com todo o seu prazer e sua dor.
A
nossa melhor ou pior companhia, poderá ser nós mesmos... Mas temos que
sair do isolamento, mesmo que estejamos repletos de nossa própria
presença ou de " saco cheio" dela e praticar tudo o que lemos, ouvimos,
pensamos , temos que nos relacionar, temos que conviver , temos que
participar , temos que mandar ver , do
contrário nossos pensamentos e aprendizados apenas se prestarão a fazer
nascer bestas ou deuses , mas não homens, mulheres, seres humanos e quem
sabe ... Cada vez menos desumanos.
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