“ O ser humano, um anjo sentado em um porco
desproporcionalmente maior do que ele” , sim, é , sim, somos anjos esparramados
em porcos , por mais que nos assustemos com nós mesmos e nossa capacidade de devorarmo-nos, a história,
e sempre ela, a nos mostrar do que somos capazes e incapazes , nos dá conta que
estamos caminhando a algum lugar melhor, sempre o melhor estar por vir,
costumamos chamar isto de evolução.
O passado humano, o que , na verdade, nunca passa e sempre
esta nos olhando de soslaio , nos mostrando , jamais fora pacífico como costumamos , melancolicamente ,
pensar , sempre nos devoramos cruelmente ou , em alguns instantes, com tolas
desculpas que apenas se prestam a nos enganar e manipular o outro.
Desde sempre o instante que passou nos aponta que fomos
piores do que somos.
Não apenas os grandes e piores nomes foram cruéis , todos
nós fomos e somos, mas parece que a cada dia menos, a cada dia aprendemos , a
cada dia nos exterminamos menos.
Não se trata apenas do desejo de sermos anjos , mas de
números, de estatística , ela nos mostra que a cada dia estamos melhores , que
o nosso passado, aquele logo ali, a nos vigiar e nos ensinar , sempre nos
alfabetizou, tudo resume-se em educação.
Antes eramos piores do que somos.
Apenas no séc. XX a criança , um bom termômetro para a nossa
evolução seria como as tratamos, começa a ser tratada como criança e a ser
considerada esta fase especial: a infância , ou melhor, na verdade a criança
começa a ser considerada como pessoa.
Quanto mais retornamos ao princípio da humanidade , mais
encontramos crianças lançadas a própria sorte, gente exterminando gente em jogos, para delicia da multidão, e em praças públicas ,como se isto fosse
Justiça. Sim, evoluímos, somos mais gente do que antes , somos mais crianças do
que antes e mais considerados em nossa individualidade e coletividade, ainda
nos devoramos e nos exterminamos por nada , mas menos do que antes e hoje menos
do que ontem.
Com o surgimento do Estado, a institucionalização da justiça
e seus direitos e garantias individuais nos permitimos que os anjos começassem a
derrotar os demônios ou , ao menos, que os enjaulassem em nossas profundezas ,
e isto vem livrando-nos da barbárie, a cada dia um pouco mais, amanhã mais do
que hoje.
Em Leviatã podemos
observar o quanto a convivência nos beneficia e que antes de nos associarmos a
vida humana era “solitária, miserável, repugnante, brutal e curta” .
Olhamos pela janela, saímos e voltamos , abrindo e fechando
portas, nos olhamos, nos enxergamos, cada vez mais , cada vez com mais fé na
tal humanidade, “o anjo civilizatório, enfim aprisionou a maldade inata do
homem”, eu diria que a cada dia vem aprisionando , que os anjos não ganharam a
guerra, mas ganham batalhas e assim o ser humano vem perseguindo a sua
humanidade.