Recordamos de um trecho escrito por Clarice Linspector, considerado por muitos como fragmento autobiográfico , que poderá adequar-se a vítimas de atrocidades , como a que dizimara milhares de judeus na Croácia,época do nascimento de Clarice que lá teria suas origens, embora insistisse ela em afirmar sua brasilidade a todo tempo e seu apego notadamente ao Recife:
“O filho está de noite com dor de fome e diz para a mãe: estou com fome, mamãe. Ela responde com doçura: dorme. Ele diz: mas estou com fome, ela insiste: durma. Ele diz: não posso, estou com fome. Ela repete exasperada: durma. Ele insiste. Ela grita com dor: durma, seu chato! Os dois ficam em silêncio no escuro, imóveis. Será que ele está dormindo? – Pensa ela toda acordada. E ele está amedrontado demais para se queixar. Na noite negra os dois estão despertos. Até que dor e cansaço, ambos cochilam, no ninho da resignação. E eu não agüento a resignação. Ah, como devoro com fome e prazer a revolta” Clarice Linspector “ As Crianças Chatas “ – 19 de agosto de 1967.
Que lindo. É pra pensar nas Somálias da vida
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